Entrevista

Professor Dr. Luiz Augusto Morizot Leite Filho:

uma vida dedicada ao ensino e prática na especialidade de Oftalmologia

“Não existe nada na oftalmologia que a gente não faça aqui”.
A frase poderia soar pretenciosa se não fosse dita por uma das maiores autoridades na especialidade no Brasil, o professor Dr. Luiz Augusto Morizot Leite Filho, Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e responsável pelo serviço de Oftalmologia na Policlínica de Botafogo.

O serviço, explica Dr. Morizot, atende pacientes ambulatórias e de emergência (24 horas); possui um dos mais modernos centro cirúrgicos da especialidade e realiza exames e diversos procedimentos. Além disso, possui um dos mais respeitados programas de residência em oftalmologia. “Faço questão de trabalhar na formação de médicos. Sempre gostei. A evolução nesse segmento é muito rápida. Diria que de 3 em 3 meses aparece alguma novidade. E nós temos a responsabilidade de apresentar ela aos nossos médicos residentes. Ou seja, eles nos obrigam a estar ‘antenados’ com tudo o que acontece. Por isso continuo participando ativamente dos congressos mais importantes na especialidade”, explica.

Ao falar sobre o programa de residência, o professor relembra o tempo em que foi professor titular de oftalmologia na Faculdade de Valença e se revela um otimista ao falar da formação das novas gerações. “Ali eu convivi com jovens sérios, dedicados aos estudos e ciosos da responsabilidade que a profissão que escolheram implica. Foram anos muito gratificantes e até hoje encontro ex-alunos nos simpósios e congressos da especialidade”, afirma.

Atualmente o professor divide o seu tempo entre cirurgias (só hoje temos três transplantes de córneas!), a participação em congressos, onde, invariavelmente, é convidado a falar, e pareceres de casos mais complexos, que colegas enviam para ele. No meio dessa agenda atribulada, ele abriu espaço para essa conversa:


Como o senhor vê os avanços na oftalmologia medicina nas últimas décadas?
“O progresso é muito rápido, sobretudo nessa última década. Diria que de 3 em 3 meses tem novidade no segmento. Agora mesmo foi lançado no mercado (e nós aqui na Policlínica já estamos adquirindo) um aparelho que permite a avaliação em crianças de forma espetacular: eu vejo o grau dela a uma distância de 1 metro! Basta pedir que ela olhe pra mim, apertar um botão e, pronto, sai o resultado dos dois olhos ao mesmo tempo.”

E como o senhor faz para ficar atualizado em meio a tanta novidade?
“Participo dos mais importantes congressos aqui e no exterior. Acabei de chegar de um na Colômbia, na próxima semana estou indo pra São Paulo e no próximo mês, novamente em São Paulo. O ensino nos obriga a isso. Vou te dar um exemplo: todo o ano eu dou uma aula na Sociedade Brasileira de Oftalmologia. O tema é o mesmo, mas a aula sempre muda! Pois de um ano para o outro já tem novidade. É fantástico isso!”.

E sobra tempo para as consultas e cirurgias?
“Claro! Na verdade aqui eu costumo atender apenas casos mais complexos que surgem aqui na Policlínica de Botafogo ou são encaminhados por colegas que querem minha opinião. Não abro mão de exercer a atividade. Hoje mesmo temos 3 cirurgias de transplantes de cornéa agendadas. É uma rotina atribulada, mas eu adoro esse ritmo!”.

E como é coordenar um serviço como o da Policlínica de Botafogo?
“Fazemos de tudo aqui. Diria que somos um serviço no Rio de Janeiro que mescla atendimento ambulatorial com emergência e residência médica. Nos aqui fechamos todo o ciclo: emergência, ambulatório, cirurgias e ainda realizamos uma série de procedimentos avançados em oftalmologia. A nossa aparelhagem é de ponta, temos até cirurgia em terceira dimensão. E só tem 3 aparelhos desse no Rio de Janeiro.”

Cirurgia em 30 dimensão.... o que é isso?
"O médico não precisa olhar no microscópio. A máquina vai filmando, ele vai acompanhando na tela e vai se guiando por ali, tudo com óculos de 3D para que ele veja a profundidade. Ou seja, ele tem uma visão muito mais acurada do que em cirurgias convencionais.”

Como o senhor vê essa nova geração de médicos que chega aqui no serviço para a residência?
“Vejo uma nova geração interessada, ávida pelo conhecimento e preocupada com a boa prática médica. Aqui, eles têm muito a aprender, pois são diariamente apresentados a casos complexos, uma vez que temos um volume muito grande de atendimento nos mais diversos casos aqui. Como se não bastasse a demanda de nosso serviço, ainda recebemos pacientes encaminhados por colegas para uma segunda opinião ou para realização de procedimentos que oferecemos. Isso dá a oportunidade deles terem uma visão muito ampla do exercício nessa especialidade.”

Como é feito o processo seletivo desses médicos?
“Aqui em nosso serviço temos 9 residentes. São 3 por ano numa residência com duração de 3 anos. Eu mesmo coordeno. Os interessados passam por uma prova de inglês, medicina geral e oftalmologia. Os que passaram por essas etapas, geralmente em torno de 5, ainda passam por uma entrevista, onde avaliamos comportamento, aspecto psicológico, interesse, vontade e disponibilidade: ele precisa de ter tempo para se dedicar integralmente aos estudos.”

O senhor também recebe muitos casos de médicos de fora do serviço...
“Sim. Eu lido mais com córnea e com tumores de órbita. Então costumo receber muito pacientes para pareceres nesses casos. Aí eu faço minha avaliação e encaminho o paciente novamente para o médico dele. Esse, inclusive, é um ponto que considero muito importante: a ética médica e conduta profissional correta. Em nosso serviço, recebemos muitos pacientes emergenciais que têm o acompanhamento oftalmológico feito por outros médicos. Nós atendemos esse paciente, damos os primeiros socorros, fazemos todo o levantamento do procedimento realizado aqui na Policlínica e encaminhamos ele de volta para o seu médico oftalmologista fazer o acompanhamento. Foi trabalhando desse jeito que conseguimos a credibilidade no segmento.”

Para finalizar, quais são os desafios do setor de oftalmologia da Policlínica de Botafogo para os próximos anos?
“Aqui a gente não para de crescer, seja em procedimentos que disponibilizamos, em atendimentos realizados e em equipamentos que compramos. Só esse mês adquirimos 3 novos equipamentos. Temos a responsabilidade de atender a um número de pacientes que não para de crescer, com a mesma qualidade e segurança que trouxe a credibilidade ao nosso serviço. É muito trabalho, mas a satisfação é sempre muito maior! É ela que me dá energia para seguir trabalhando e estudando”, conclui.

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